O Ibovespa ganhou forças no início da tarde desta quarta-feira (21) ainda se recuperando do tombo da segunda, ajudado pelo preço do petróleo, otimismo na China e com a notícia de que o BCE fez proposta por um QE na Europa de 50 bilhões de euros por mês. Contribui para sustentar o movimento positivo do índice, por aqui, as ações da Petrobras e alguns bancos, como Banco do Brasil (BBAS3, R$ 22,71, +2,76%), Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 34,17, +2,89%) e Bradesco (BBDC3, R$ 34,28, +3,50%; BBDC4, R$ 35,28, +2,41%), que operavam em alta às 13h30 (horário de Brasília). Também em um movimento de recuperação aparecia o setor elétrico, com destaque para as ações da Eletrobras, que figuravam entre as maiores altas do Ibovespa após cair forte por dois pregões. Ontem, o Ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, anunciou uma série de medidas para adicionar ao sistema 1,5 mil MWs, o que ajudou a trazer ânimo ao mercado, embora a XP Investimentos tenha ressaltado nesta manhã que segue cética com o setor elétrico, principalmente em relação às geradoras e distribuidoras.
Na ponta oposta, o destaque ficava com as ações do setor de siderurgia, com Gerdau (GGBR4, R$ 9,12, -0,44%) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 10,35, -0,10%), que ganhavam força junto com a disparada do índice, além dos papéis da MRV Engenheria entre as construtoras por conta de um corte de recomendação do BTG Pactual e Braskem, que seguia movimento de queda livre.
Confira os principais destaques da Bolsa nesta quarta-feira:
Petrobras (PETR3, R$ 9,35, +5,17%; PETR4, R$ 9,66, +3,65%) Em um dia de recuperação na Bolsa, as ações da Petrobras abriram em alta de cerca de 2%, diminuindo levemente os ganhos no decorrer da sessão, mas voltando a subir forte no início da tarde. O governo tem sinalizado maior autonomia nas decisões da petroleira. Hoje, uma matéria do Valor cita que a companhia terá uma ''liberdade vigiada de preços''. Em resumo, a estatal poderá ter um livre arbítrio para as próximas decisões de reajuste, mas será monitorada pelo governo.
Além disso, em comunicado ao mercado enviado hoje, a companhia afirmou que está realizando as análises necessárias para o fechamento e divulgação das demonstrações contábeis do 3º trimestre de 2014. As análises incluem "avaliação individual de ativos e projetos cuja constituição se deu por meio de contratos de fornecimento de bens e serviços firmados com empresas citadas na Operação Lava-Jato, inclusive a RNEST".
Vale (VALE3, R$ 21,96, +1,01%; VALE5, R$ 19,35, +0,73%) Enquanto isso, as ações da Vale, que figuravam no negativo neste pregão, viraram para alta nesta tarde, puxadas por um otimismo generalizado do mercado registrado poucos minutos após a abertura das Bolsas nos Estados Unidos, às 12h30 (horário de Brasília). A retomada dos papéis deixa para segundo plano um relatório do Bank of America Merrill Lynch, que destacou que as ações da Vale seguirão pressionadas em 2015 e que os resultados dos próximos trimestres da mineradora devem ser fracos. A recomendação para os ADRs (American Depositary Receipts) é neutra.
Os analistas Thiago Lofiego, Karel Luketic e Betina Roxo preveem que o preço do minério de ferro deva cair para US$ 60 a tonelada em algum momento em 2015 e que os preços dos metais básicos devam permanecer sobre pressão até o segundo semestre.
Elétricas Após medidas serem anunciadas, algumas elétricas buscam recuperação nesta sessão, com destaque para Eletrobras (ELET3, R$ 5,56, +5,90%; ELET6, R$ 7,10, 1,43%), Light (LIGT3, R$ 14,92, +2,83%) e Energias do Brasil (ENBR3, R$ 8,87, +3,99%), embora a situação dos reservatórios do país continue dramática e que somente chuvas acima de 80% da média histórica em fevereiro, março e abril evitarão um racionamento compulsório, ressaltou a XP Investimentos nesta manhã.
Entre as medidas anunciadas pelo ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, está o reforço na produção e transferência de 300 MW de energia da usina de Itaipu para o sistema. Braga disse ainda que a abertura da ligação entre as regiões Nordeste e Sudeste/Centro-Oeste vai adicionar 400 MW ao sistema. A ressincronização da usina de Angra 1 vai proporcionar um adicional entre 100 MW e 200 MW.
Braskem (BRKM5, R$ 13,09, -0,46%) As ações da Braskem seguem em queda pelo terceiro pregão seguido, quando acumulam perdas de 14,5%. O movimento negativo teve início no dia do apagão que deixou diversas cidades brasileiras sem luz por alguns minutos. A companhia, no entanto, informou nesta manhã que não teve sua produção afetada pelo apagão que derrubou energia em diversos estados no Brasil na última segunda-feira.
Além disso, a empresa informou que, apesar do veto presidencial ao artigo da Medida Provisória 656/14 que previa a extensão do contrato de fornecimento de energia da Chesf com indústrias do Nordeste, o governo federal informou que discutirá alternativas com a indústria eletro-intensiva, o que deverá ocorrer até o vencimento do atual contrato, em junho de 2015. Pelo acordo em vigor, a Chesf fornece energia para a indústria a um custo abaixo do mercado, em um preço de aproximadamente R$ 100/Mwh. O contrato em especial beneficia a Braskem, Gerdau e Vale, entre outras. Sem ele, no entanto, o custo de energia poderá até triplicar.
Cosan (CSAN3, R$ 25,64, -0,23%) Depois de subir forte na véspera, as ações da Cosan têm movimento de correção nesta quarta-feira, assim como os papéis da São Martinho (SMTO3, R$ 34,10, -1,30%), que foram beneficiados pelo anúncio da Petrobras de que irá repassar o aumento dos tributos sobre gasolina e diesel para os consumidores.
Em função da notícia, o Santander comentou na véspera que essas novas medidas irão abrir espaço para o aumento dos preços do etanol na bomba (considerando a alta dos preços da gasolina nesta), e estimou, de maneira conservadora, que o Ebtida (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Cosan Energia deve aumentar R$159 milhões, ou 4%, em 2015 e para a São Martinho deve aumentar em R$110 milhões, ou 9,5% no exercício de 2016.
Oi (OIBR4, R$ 5,24, +2,34%) As ações da Oi viraram para alta após abrirem em queda. Isso um dia antes da esperada assembleia geral da holding Portugal Telecom SGPS, que decidirá sobre a venda dos ativos portugueses, e que já foi adiada duas vezes. O Conselho de Administração da PT SGPS afirmou ter divulgado toda a informação necessária para os acionistas deliberarem sobre a venda da PT Portugal à Altice na assembleia.
Na véspera, a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), órgão regulador de Portugal, disse entender que ainda havia aspectos a esclarecer em relação à fundamentação das decisões a serem tomadas na assembleia da PT SGPS e que competia ao Conselho da empresa informar os acionistas sobre esses aspectos.
Gol (GOLL4, R$ 13,20, +0,99%) Depois de cair quase 4% ontem, as ações da Gol têm um pouco de alívio nesta sessão. Na véspera, o Goldman Sachs cortou a recomendação dos papéis de neutra para venda. O preço-alvo é de US$ 4,20 para as ações.
Construtoras A Helbor (HBOR3, R$ 3,89, -0,77%) teve sua recomendação cortada de compra para neutra pelo BTG Pactual. Ontem, a companhia informou que suas vendas contratadas totalizaram R$ 362,9 milhões no quarto trimestre, diminuição de 33% na comparação com o mesmo período do ano passado, com VSO (Vendas Sobre Oferta) de 10,1% no trimestre e 30,7% no ano. Os lançamentos atingiram R$ 319,9 milhões nos últimos três meses de 2014.
Ainda no setor, o banco cortou a recomendação das ações da Eztec (EZTC3, R$ 18,79, +1,18%) de compra para neutra, com preço-alvo de R$ 25 por ação, assim como a MRV Engenharia (MRVE3, R$ 7,13, +1,13%), que teve sua classificação rebaixada de compra para neutra, com preço-alvo de R$ 9,50. Na contramão, a Gafisa (GFSA3, R$ 2,11, 4,46%) foi elevada pelo BTG de neutra para compra, com preço-alvo de R$ 3,20.
Natura (NATU3; R$ 31,45, +4,83%) As ações da Natura se recuperam nesta sessão em meio às notícias de que as fabricantes de cosméticos querem discutir com o governo federal as implicações do aumento da carga tributária do setor anunciado na segunda-feira.
O governo anunciou na segunda-feira que irá alterar a cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de cosméticos, equiparando os atacadistas aos produtores industriais, sem aumento de alíquota. A medida integra o mais recente pacote de mudanças fiscais, destinado a elevar a arrecadação em mais de 20 bilhões de reais em 2015.
Segundo o analista Guilherme Assis, da corretora Brasil Plural, o governo tentará com a medida alcançar a taxação sobre a distribuição dos produtos, acabando com planejamento tributário que permitia às empresas pagar menos impostos. "O impacto é difícil de mensurar, o governo não divulgou a memória de cálculo, então precisamos ter um pouco mais de detalhes", afirmou.
Ambev (ABEV3, R$ 16,99, +0,65%) O Banco Fator Corretora iniciou cobertura dos papéis da Ambev. A recomendação atribuída às ações foi de equalweight (desempenho em linha com a média).
SLC Agrícola (SLCE3, R$ 14,20, +1,79%) A SLC Agrícola teve sua recomendação elevada de neutra para overweight (desempenho acima da média) pelo JPMorgan, que atribuiu preço-alvo de R$ 24 por ação para os próximos 12 meses.
HRT (HRTP3, R$ 3,62, +11,04%) As ações da HRT, com uma nova marca, a PetroRio, disparam nesta sessão. Ontem, a companhia anunciou a aquisição de 80% dos campos de Bijupirá e Salema da Shell, na Bacia de Campos, e do navio FPSO Fluminense, utilizado para a produção de petróleo na área, informou a companhia em fato relevante.
Os 20 por cento restantes permanecem propriedade da Petrobras. Com o negócio, a HRT vai triplicar sua produção diária, para 30 mil barris de petróleo.
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