quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

FINAL DE ANO: MAIS UM OU MENOS UM?



Amor, vem vê-las
Tá tão bonita nossa plantação de estrelas...

Aproximamo-nos do final do ano. Mais um, ou menos um? A resposta é pessoal, não é? Mais sensíveis nessa época, ficamos olhando para trás e analisando o que fizemos e o que deixamos de fazer; como estamos vivendo; como deveria ou deverá ser. Alguns acham que o ano passou arrastado, ainda mais com tantos problemas socioeconômicos, políticos e ambientais. Outros nem percebem que passou. Há ainda os que querem esquecê-lo, torcendo para que o próximo seja melhor. O que quero é que o tempo passe mais lentamente, está rápido demais! Notei isso depois dos trinta. Não está me dando tempo para praticar o ócio, que é o que mais gosto de fazer. E depois descansar, é claro! De preferência debaixo de alguma plantação de estrelas.
Olhando pelo meu retrovisor sempre me pergunto o que é que eu fiz de bom ou de significante no ano que finda. Acho que dividiram o tempo só para que pudéssemos ter o momento de parar pra pensar, planejar, recomeçar. Refletindo sobre isso me lembrei de uma música que comecei a fazer no final dos anos oitenta sobre esse tema e está inacabada até hoje. Preciso terminá-la. Como é possível ter uma música inconclusa há mais de trinta anos? É possível sim, o tempo está voando e várias  coisas e sonhos vão ficando pelo caminho.
Sempre me perguntam como é o meu processo criativo, como faço as canções. O que vem primeiro: a letra ou a melodia? Depende: Há canções que são como pássaros que você, em sintonia e harmonia com a natureza, com o criador, as atrai. Sem perceber o pássaro vem e pousa na sua cabeça trazendo letra e melodia juntas. Isto quando você realmente está em sintonia. Quando não está, não vem nada! Quando está meio desligado o pássaro traz só uma parte, o resto é com você. Já me aconteceu algumas vezes assim. “Plantação de estrelas” é uma dessas. Há outras músicas que demandam muito trabalho e suor para ficarem prontas. Destas não gosto muito, fica faltando feeling.
Por falar em música, finalmente ficou pronto o nosso CD “Plantação de Estrelas”. Está na fábrica. Vai ser disponibilizado para venda física e para as plataformas digitais a partir do dia 05 de Janeiro. Já estamos aceitando encomendas.
Foi um verdadeiro parto fazer esta “plantação”, mas muito prazerosa! Nove meses de intenso trabalho e muita ansiedade. Valeu a pena cada madrugada que passamos sem dormir elaborando arranjos e gravando as doze faixas que o compõe.
2015 para mim foi um ano de plantio. Suspendi a correria e resolvi plantar novos sonhos. Fiz este CD e criei muita expectativa para 2016. Espero que vocês adquiram para ajudar a esse pobre escriba e cantador e que gostem. Espalho as sementes aos bons ventos para que germinem e que possamos colher juntos bons frutos amanhã. Que assim seja para todos e que você tenha um Natal e um Novo Ano cheio de saúde com muitas realizações. Mantenha a esperança, o equilíbrio, a sensibilidade e nunca deixe de sonhar e de correr atrás de seus objetivos. Boas festas e muita paz!
Com um abraço


Pedro Antônio

Pedro Antônio: Acabou-se o que era doce

ACABOU-SE O QUE ERA DOCE

Duas tragédias! Mariana e Paris. Assassinatos em ambas. Vários inocentes mortos.  Lá, a operação é de guerra. Aqui, vale uma multinha da qual ainda se poderá recorrer. Lamentável! Acabou-se o que era doce, acabou-se o que era rio! Acabou-se a vida do Rio doce. Cortaram seu curso, seu fio! Rio doce tão lindamente cantado pelo nosso poeta conterrâneo Zé Geraldo.
Qual foi a maior das tragédias não importa. Para qual das duas a imprensa deu mais ênfase também é irrelevante. Que foram duas tragédias previamente anunciadas que poderiam ter sido evitadas, isto sim. O Estado Islâmico vinha mandando sinais de que a França seria o alvo. Por aqui a mãe natureza, não é de hoje, manda seu recado de que a intervenção humana no meio ambiente só gera caos. A intolerância às diferenças e a ganância do homem pelo acúmulo de capital atingiram níveis máximos de saturação aqui, lá e em qualquer lugar do mundo. Isto é só o início do fim. Vem ai dias piores! Só temos uma válvula de escape para mudar o futuro do planeta que são nossas crianças, (Se conseguíssemos educá-las de maneira diferente, sem toda essa inversão de valores morais por materiais que fizemos até agora). Falta educação e começa a sobrar ostentação. Só as ensinamos a levar vantagem em tudo, certo? Perdemos o jogo. Aliás, a humanidade está perdida. Antes tínhamos medo de que a TV educasse nossos filhos. Hoje lhes compramos um smartfone e deixamos que as redes sociais cumpram essa tarefa. Ali é o melhor lugar para se aprender sobre futilidades e intolerância e é por ali que o EI recruta seus soldados.
As duas ocorrências foram muito bem planejadas. A de Mariana, talvez um pouquinho mais. Afinal, matar um rio de mais de 800 kms de extensão não é tarefa para qualquer um. Demandou tempo até que se acumulasse toda a tabela periódica em um reservatório capaz de matar ao mesmo tempo, gente, peixes, aves e animais. Oh meu Rio Doce, que tristeza vê-lo pura lama e a gente ribeirinha morrendo de sede te vendo passar! Nos resta ainda um pouco de esperança de ver o Doce recuperado pelo Salgado, o nosso fotógrafo maior Sebastião Salgado, como propõe o seu projeto apresentado recentemente ao Governo Federal. Torçamos para que dê certo e que outras minas e represas não sejam negligenciadas pelo país a fora.
Lamentamos pelas mortes das pessoas inocentes em Paris e em Bento Rodrigues; Pelas aves, peixes e animais dizimados. Sejamos solidários mas não hipócritas: Colhemos sempre o que plantamos. Precisamos melhorar nossas sementes, nossos corações, nossas mentes, para que possamos fazer um plantio melhor.
Sejamos intolerantes sim, mas contra a corrupção, a violência, a omissão do poder público, contra a falta de ética e moral e, principalmente, contra a impunidade destes assassinos de lá e daqui.


Pedro Antônio