ACABOU-SE O QUE ERA DOCE
Duas tragédias! Mariana e Paris.
Assassinatos em ambas. Vários inocentes mortos.
Lá, a operação é de guerra. Aqui, vale uma multinha da qual ainda se
poderá recorrer. Lamentável! Acabou-se o que era doce, acabou-se o que era rio!
Acabou-se a vida do Rio doce. Cortaram seu curso, seu fio! Rio doce tão
lindamente cantado pelo nosso poeta conterrâneo Zé Geraldo.
Qual foi a maior das tragédias
não importa. Para qual das duas a imprensa deu mais ênfase também é
irrelevante. Que foram duas tragédias previamente anunciadas que poderiam ter
sido evitadas, isto sim. O Estado Islâmico vinha mandando sinais de que a
França seria o alvo. Por aqui a mãe natureza, não é de hoje, manda seu recado
de que a intervenção humana no meio ambiente só gera caos. A intolerância às
diferenças e a ganância do homem pelo acúmulo de capital atingiram níveis
máximos de saturação aqui, lá e em qualquer lugar do mundo. Isto é só o início
do fim. Vem ai dias piores! Só temos uma válvula de escape para mudar o futuro
do planeta que são nossas crianças, (Se conseguíssemos educá-las de maneira
diferente, sem toda essa inversão de valores morais por materiais que fizemos
até agora). Falta educação e começa a sobrar ostentação. Só as ensinamos a
levar vantagem em tudo, certo? Perdemos o jogo. Aliás, a humanidade está
perdida. Antes tínhamos medo de que a TV educasse nossos filhos. Hoje lhes
compramos um smartfone e deixamos que as redes sociais cumpram essa tarefa. Ali
é o melhor lugar para se aprender sobre futilidades e intolerância e é por ali
que o EI recruta seus soldados.
As duas ocorrências foram muito
bem planejadas. A de Mariana, talvez um pouquinho mais. Afinal, matar um rio de
mais de 800 kms de extensão não é tarefa para qualquer um. Demandou tempo até
que se acumulasse toda a tabela periódica em um reservatório capaz de matar ao
mesmo tempo, gente, peixes, aves e animais. Oh meu Rio Doce, que tristeza vê-lo
pura lama e a gente ribeirinha morrendo de sede te vendo passar! Nos resta
ainda um pouco de esperança de ver o Doce recuperado pelo Salgado, o nosso
fotógrafo maior Sebastião Salgado, como propõe o seu projeto apresentado
recentemente ao Governo Federal. Torçamos para que dê certo e que outras minas
e represas não sejam negligenciadas pelo país a fora.
Lamentamos pelas mortes das
pessoas inocentes em Paris e em Bento Rodrigues; Pelas aves, peixes e animais
dizimados. Sejamos solidários mas não hipócritas: Colhemos sempre o que
plantamos. Precisamos melhorar nossas sementes, nossos corações, nossas mentes,
para que possamos fazer um plantio melhor.
Sejamos intolerantes sim, mas
contra a corrupção, a violência, a omissão do poder público, contra a falta de
ética e moral e, principalmente, contra a impunidade destes assassinos de lá e
daqui.
Pedro Antônio
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