Em
apenas 15 dias de gestão, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, pôs
fim a 12 anos de isolamento do Executivo estadual e já imprimiu as marcas do
diálogo e da discrição no comando do Palácio Tiradentes. Pimentel assumiu
pedindo discrição e trabalho aos auxiliares, iniciou um balanço sobre a
situação financeira e fiscal de Minas, mandou cortar gastos e cargos
comissionados e deu início aos preparativos para cumprir compromissos de
campanha.
Um exemplo é a reunião realizada entre a secretária de Educação,
Macaé Evaristo, e o Sindicato Unificado dos Trabalhadores da Educação
(Sind-Ute) para iniciar os estudos para o pagamento do piso nacional da
categoria em Minas. No ano passado, o Sind-Ute levou um chá de cadeira de seis
meses da Secretaria de Planejamento: apresentou as reivindicações da categoria
em janeiro e só foi recebido em junho de 2014 para a primeira reunião com a
gestão tucana.
Pimentel também se reuniu nesta semana com o ministro das
Cidades, Gilberto Kassab, para tratar dos projetos de mobilidade no estado,
entre eles a ampliação metrô na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O metrô
também foi um compromisso de campanha e alvo de embates com os adversários
tucanos, acusados de atrasar a liberação de recursos federais em razão da não
apresentação do projeto executivo das obras.
Mas quem esperava um Pimentel agressivo em relação ao PSDB não
conhece o governador de Minas Gerais. Pimentel impôs a si o mesmo silêncio que
pediu aos seus secretários, mas, enquanto isso, pediu a todos um levantamento
dos cargos e das lotações do pessoal do governo, empenhos e pagamentos
cancelados ou suspensos, dívidas, entre outros. Em resumo, um quadro de todos
os esqueletos deixados pela administração anterior nos armários e escaninhos da
Cidade Administrativa.
Outra mudança que marcará a gestão Pimentel em relação aos
últimos 12 anos de governo tucano é a opção pelos Projetos de Lei Ordinária,
que passam pela análise dos deputados estaduais e podem sofrer mudanças na
Assembléia Legislativa, para realizar a reforma administrativa. O governador
recusou o uso da chamada Lei Delegada, expediente ao qual a administração
tucana recorreu reiteradas vezes para realizar reformas sem a interferência do
Legislativo sobre o conteúdo das propostas.
Com a Lei Delegada – banalizada pelos tucanos, na avaliação do
PT –, a Assembleia Legislativa abria mão, em favor do Executivo, do seu poder
democrático e constitucional de legislar, impedindo, por tabela, que também a
população opinasse sobre as propostas por meio de seus representantes
escolhidos pelo voto direto.
Até aqui, Pimentel tem evitado entrevistas, mesmo nas aparições
públicas, à espera do balanço que solicitou aos seus auxiliares. O governador
tem usado esse períodos para ler relatórios e balanços com números do estado,
uma tarefa que teria sido facilitada, na opinião de pessoas próximas, se o
governo passado tivesse realizado a transição conforme determina a lei.
Em vez de dados reais sobre a situação do estado, Pimentel e
secretários receberam dados públicos, já acessíveis por meio dos sites
oficiais. Na reuniões de transição, muitos servidores de carreira e inclusive
secretários da administração tucana que gostariam de discutir alguns temas a
fundo eram vigiados por Renata Vilhena, então secretária de Planejamento, e de
Maria Coeli, então secretária da Casa Civil.
“Alguns chegaram a conversar conosco extraoficialmente, longe do
olhar intimidador da dupla. Mas só adiaram o inevitável. Em 90 dias,
teremos um retrato mais fiel de como recebemos o estado, com dinheiro em caixa
apenas porque eles suspenderam pagamentos e outros problemas mais sérios”, diz
uma fonte. A conferir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça o seu comentário