DÚVIDAS NA DERROTA: ELÍ CUSTÓDIO TERIA RECEBIDO O VOTO DE CEZAR EZEQUIEL E FRUSTRADO COM A VEREADORA MAGDA MORATO |
Mesmo assim, Eli
Custódio esperava vencer por 6 votos a 5, contando com o seu voto e os votos de
Cezar Ezequiel (DEM), vereador da ala governista que havia lhe garantido apoio,
e dos seus colegas de bancada, vereadores Léo do Mariano (PSD), Gilnei
Cabeceira (PRB), Romildo do Claro (PSD) e a vereadora Magda Morado (PMDB).
Porém, a votação secreta dos 11 vereadores que compõem a Câmara Municipal
apresentou um resultado inverso, com 6 votos para Belchior Beca e 5 para Eli
Custódio.
Teoricamente, o
resultado da votação indica que, além de Cezar, apenas três vereadores do grupo
de oposição teriam sido fiéis a Eli. Por conseguinte, o sexto voto dado a
Belchior Beca pode ter saído justamente de algum dos vereadores do mesmo grupo.
As especulações em torno da origem do
sexto voto surgiram imediatamente após o anúncio do resultado da votação e
fortes indícios apontaram para a vereadora Magda Morato, por causa da sua
afinidade com o prefeito José Benedito, do qual ela é comadre. Para quem não se
lembra, Magda foi secretária municipal de Assistência Social na administração
anterior de Dr. José e coordenou seu comitê eleitoral na campanha de 2008,
quando ele perdeu a eleição para o ex-prefeito Orlando Fialho (PMDB).
Por outro lado, a
vereadora também é estreitamente ligada ao futuro vice-governador Antônio
Andrade (PMDB), a quem interessaria a vitória de Eli Custódio para suceder o
atual presidente da Casa Gilnei Cabeceira, mantendo a oposição no comando do
legislativo local até a eleição municipal de 2016.
Todos acreditavam
que Magda Morato jamais contrariaria o interesse de Antônio Andrade, mas uma
combinação sigilosa dos cinco vereadores que votaram em Eli teria demonstrado o
contrário. Para identificar seus votos, cada um deles teria usado uma forma
diferente de fazer o “xis” na cédula de votação. Como a vereadora não teria
sido informada sobre a estratégia dos colegas, constatou-se que o voto dela foi
para o Belchior Beca.
Eli Custódio afirma que vinte dias antes da eleição, nove
vereadores manifestaram apoio espontâneo a sua candidatura, inclusive Magda
Morato. Ele esclarece que decidiu ser candidato porque os demais vereadores da
oposição não se interessaram em concorrer à eleição. “Em razão da morte
recente da minha esposa, eu também não estava interessado. Fui candidato por
entender que era importante para a nossa bancada e as nossas lideranças, como
vice-governador Antônio Andrade e os ex-prefeitos Orlando Fialho e Dr. Jacques.”,
justificou Eli, observando que a derrota não foi só sua, mas de todo o grupo da
oposição.
O vereador acredita que o prefeito
aliciou os votos para o seu concorrente em troca de “brindes”, que podem ser
benefícios políticos, cargos no governo e até ajuda financeira. Eli afirmou que
nos dias que antecederam a eleição, Dr. José e alguns secretários municipais
cortejaram insistentemente todos os vereadores, com exceção dele, do Romildo e
do Cezar. “Pode ter certeza que em pouco tempo a gente vai descobrir de que
forma os votos foram aliciados.”, prometeu o vereador.
Não é de hoje que as
eleições para a Presidência da Câmara Municipal de Vazante, que terá um
orçamento de R$ 3 milhões em 2015, são envoltas em rumores de articulações
sorrateiras e traições políticas. O fato mais emblemático destes distúrbios
aconteceu na década de 1990, com a suspeita de que um candidato a presidente da
Casa teria recebido benefícios pessoais para votar no adversário, o que
garantiu a eleição de um vereador aliado ao prefeito daquela época. Por falta
de provas contra o autor da suposta manobra, o caso não foi devidamente apurado
e caiu no esquecimento.
Ao inspirar tais
mazelas na escolha de seus presidentes, o Legislativo local trai os princípios
éticos, compromete sua representatividade e perde a credibilidade para exercer
a função de fiscalizar o Executivo e assegurar a lisura dos atos de ambos os
poderes.
Em 2012, uma
proposta do próprio vereador Eli Custódio para adoção do voto aberto nas
eleições da Presidência da Casa, foi reprovada pela comissão encarregada de
revisar o Regimento Interno da Câmara Municipal. Infelizmente, a comissão
perdeu uma grande oportunidade de sepultar os vícios da votação secreta e de
acabar para sempre com o mistério do sexto voto.
(Da Redação)
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