domingo, 7 de dezembro de 2014

O mistério do sexto voto: Oposição perde a Presidência da Câmara Municipal em Vazante

DÚVIDAS NA DERROTA: ELÍ CUSTÓDIO TERIA RECEBIDO O VOTO DE CEZAR EZEQUIEL E FRUSTRADO COM A VEREADORA MAGDA MORATO
Derrotado pela diferença de apenas 1 voto na eleição do novo presidente da Câmara Municipal, realizada no último dia 17, o vereador Eli Custódio (PMDB) pode ter sido vitima de um golpe dentro do próprio grupo de suporte à sua candidatura, formado por seis vereadores de oposição ao governo do prefeito José Benedito (PHS). Ele só não contava com o apoio do vereador Wilson Ferreira Rodrigues (PSD) que, apesar de ser do mesmo grupo, já havia declarado abertamente o seu voto para o candidato concorrente, vereador Belchior Beca (PSDB).
         Mesmo assim, Eli Custódio esperava vencer por 6 votos a 5, contando com o seu voto e os votos de Cezar Ezequiel (DEM), vereador da ala governista que havia lhe garantido apoio, e dos seus colegas de bancada, vereadores Léo do Mariano (PSD), Gilnei Cabeceira (PRB), Romildo do Claro (PSD) e a vereadora Magda Morado (PMDB). Porém, a votação secreta dos 11 vereadores que compõem a Câmara Municipal apresentou um resultado inverso, com 6 votos para Belchior Beca e 5 para Eli Custódio. 
         Teoricamente, o resultado da votação indica que, além de Cezar, apenas três vereadores do grupo de oposição teriam sido fiéis a Eli. Por conseguinte, o sexto voto dado a Belchior Beca pode ter saído justamente de algum dos vereadores do mesmo grupo.
         As especulações em torno da origem do sexto voto surgiram imediatamente após o anúncio do resultado da votação e fortes indícios apontaram para a vereadora Magda Morato, por causa da sua afinidade com o prefeito José Benedito, do qual ela é comadre. Para quem não se lembra, Magda foi secretária municipal de Assistência Social na administração anterior de Dr. José e coordenou seu comitê eleitoral na campanha de 2008, quando ele perdeu a eleição para o ex-prefeito Orlando Fialho (PMDB).
         Por outro lado, a vereadora também é estreitamente ligada ao futuro vice-governador Antônio Andrade (PMDB), a quem interessaria a vitória de Eli Custódio para suceder o atual presidente da Casa Gilnei Cabeceira, mantendo a oposição no comando do legislativo local até a eleição municipal de 2016.
         Todos acreditavam que Magda Morato jamais contrariaria o interesse de Antônio Andrade, mas uma combinação sigilosa dos cinco vereadores que votaram em Eli teria demonstrado o contrário. Para identificar seus votos, cada um deles teria usado uma forma diferente de fazer o “xis” na cédula de votação. Como a vereadora não teria sido informada sobre a estratégia dos colegas, constatou-se que o voto dela foi para o Belchior Beca.
         Eli Custódio afirma que vinte dias antes da eleição, nove vereadores manifestaram apoio espontâneo a sua candidatura, inclusive Magda Morato. Ele esclarece que decidiu ser candidato porque os demais vereadores da oposição não se interessaram em concorrer à eleição. “Em razão da morte recente da minha esposa, eu também não estava interessado. Fui candidato por entender que era importante para a nossa bancada e as nossas lideranças, como vice-governador Antônio Andrade e os ex-prefeitos Orlando Fialho e Dr. Jacques.”, justificou Eli, observando que a derrota não foi só sua, mas de todo o grupo da oposição.    
         O vereador acredita que o prefeito aliciou os votos para o seu concorrente em troca de “brindes”, que podem ser benefícios políticos, cargos no governo e até ajuda financeira. Eli afirmou que nos dias que antecederam a eleição, Dr. José e alguns secretários municipais cortejaram insistentemente todos os vereadores, com exceção dele, do Romildo e do Cezar. “Pode ter certeza que em pouco tempo a gente vai descobrir de que forma os votos foram aliciados.”, prometeu o vereador.
         Não é de hoje que as eleições para a Presidência da Câmara Municipal de Vazante, que terá um orçamento de R$ 3 milhões em 2015, são envoltas em rumores de articulações sorrateiras e traições políticas. O fato mais emblemático destes distúrbios aconteceu na década de 1990, com a suspeita de que um candidato a presidente da Casa teria recebido benefícios pessoais para votar no adversário, o que garantiu a eleição de um vereador aliado ao prefeito daquela época. Por falta de provas contra o autor da suposta manobra, o caso não foi devidamente apurado e caiu no esquecimento.
         Ao inspirar tais mazelas na escolha de seus presidentes, o Legislativo local trai os princípios éticos, compromete sua representatividade e perde a credibilidade para exercer a função de fiscalizar o Executivo e assegurar a lisura dos atos de ambos os poderes.
         Em 2012, uma proposta do próprio vereador Eli Custódio para adoção do voto aberto nas eleições da Presidência da Casa, foi reprovada pela comissão encarregada de revisar o Regimento Interno da Câmara Municipal. Infelizmente, a comissão perdeu uma grande oportunidade de sepultar os vícios da votação secreta e de acabar para sempre com o mistério do sexto voto.
                                                         (Da Redação)



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