Vazante
tem vários sites, páginas no Facebook e rádios que nos informam sobre os
acontecimentos de nossa cidade e região. Às vezes, os textos pecam pela falta
da lógica. Os redatores não conseguem responder as seis perguntas básicas de um
bom texto informativo: O quê? Quem? Quando? Onde? Como? Por quê?
A
receita para escrever um texto jornalístico funciona bem porque ensina a
pensar. Quem já passou horas diante de uma tela em branco do computador em
dúvida sobre por onde começar sabe o que é angústia. Os mais velhos devem se
lembrar das páginas arrancadas das máquinas de datilografia quando se instalava
a tortura. O papel jogado na lata de lixo tinha a vantagem de materializar o
peso do tormento na vida dos candidatos a Machado de Assis, Clarice Lispector
ou Guimarães Rosa. Com o computador, não há sinais visíveis do sofrimento, mas
ele continua, firme e forte.
Tanta
dor tem uma causa. O texto passa a existir muito antes de tomar corpo na tela.
Nasce, primeiro, na cabeça do autor. A habilidade de escrever é resultado da
habilidade de pensar — pensar de forma ordenada, lógica e prática. Sem esse
exercício, não há como encher a tenebrosa tela branca.
Assim,
gaste tempo pensando sobre o que você quer escrever e, só depois, com um
roteiro à mão, sente-se à frente do traumatizante computador. Ele se transformará
naquilo que é — valioso instrumento de trabalho. A fonte de onde brotarão
ideias, frases inteligentes e conceitos consistentes está no cérebro. A máquina
não substitui o maior e mais fascinante talento do homem, a capacidade de
pensar. Graças a Deus.
Trace
um plano de voo. Como? A seguir, daremos um roteiro. As regras não garantem o
despertar de gênios, mas oferecem caminho seguro para chegar a texto
informativo, sucinto e direto, características fundamentais no estilo
jornalístico.
1 - Faça um resumo da história como você
faz quando um amigo lhe pergunta sobre a festa à qual ele não compareceu.
Provavelmente, você diz: "A festa estava animada, cheia de gente bonita. A
música era ótima e a comida, fabulosa". Pronto, eis o resumo da sua história.
Não o perca de vista. Seu objetivo será contar a narrativa em detalhes.
2 - Responda às seis perguntas indicadas
na ordem em que foram apresentadas. A primeira é o quê? A última, e mais
difícil, é por quê? As respostas não devem ultrapassar duas linhas. Nunca,
jamais, em tempo algum podem ser maiores do que duas linhas. Seja até avarento.
Escreva menos ainda.
3 - Enxugue o texto. Em jargão
jornalístico, enxugar significa diminuir, cortar, mandar pras cucuias palavras
e informações desnecessárias. Comece agora. Você ignorou a orientação para
restringir-se a duas linhas? Passe a tesoura sem dó nem piedade.
Leia
e releia o texto e observe se nome, cargos e títulos das pessoas estão
corretos. Pode parecer bobagem, mas nada irrita mais os leitores e desacredita
a informação que ver nomes publicados com a grafia errada. A recomendação vale
para outros pormenores como localização de uma cidade, distâncias, número de
leis.
Na
dúvida, procure confirmação em dicionários, mapas, livros de referência e
listas telefônicas. Se necessário, volte a telefonar para as fontes da matéria.
Não se acanhe. Diga que não está seguro sobre um item e que não gostaria de
publicá-lo de forma errada. Fontes sérias agradecerão o cuidado.
Os
leitores também.
Dagma Alves Rosa tem orgulho de ser
vazantina e professora de Língua Portuguesa e Literatura brasileira no Centro
Educacional Sebastiana Alves (CESA) e na Escola Estadual Presidente Juscelino
Kubitschek de Oliveira.
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