A passionalidade escandalosa da chamada Grande Imprensa, que se
transformou num partido político para derrubar a presidenta Dilma Rousseff,
chegou às raias do absurdo nesta sexta-feira: usou, de modo desumano, a queda
de um viaduto em Belo Horizonte, que matou duas pessoas, para atacar o governo.
Os três jornalões do Rio e São Paulo – Globo, Folha e Estadão – combinaram a
mesma manchete, com ligeira variação, rotulando o viaduto de "obra da
Copa". Depois de desacreditados pela campanha realizada contra o evento
esportivo, diante do seu sucesso e da repercussão positiva dentro e fora do
país, os jornalões decidiram usar a tragédia para ir à forra. Do governo federal, na verdade, o viaduto em construção só tem
parte dos recursos financeiros, porque o projeto e sua execução são da
responsabilidade da prefeitura de Belo Horizonte. Mesmo sabendo disso, a Grande
Mídia prefere aproveitar politicamente o episódio e lançar a culpa do acidente
nas costas largas da Presidenta, esquecendo deliberadamente o prefeito Marcio
Lacerda, do PSB, que, em entrevista à imprensa, disse que deve ter havido uma
falha na construção. "No futuro – disse – certamente depois de tudo
apurado, vai-se descobrir algum erro de engenharia, seja de projeto, seja de
construção". A "Folha", no entanto, não satisfeita em torcer a
notícia do acidente para ligá-lo à Copa e culpar o governo, também publicou um
editorial intitulado "Humor da Copa", em que insiste em afirmar que
"a obra faz parte do pacote de melhorias de mobilidade urbana e não ficou
pronta no prazo prometido" e "serve para lembrar o quanto houve de
irresponsabilidade e improviso, para nada dizer de corrupção, na organização do
Mundial". Não disse, porém, que se houve irresponsabilidade e improviso na
realização da obra certamente foram do prefeito pessebista, responsável por seu
planejamento e execução. Mas esse "detalhe" não interessa à Grande
Mídia, pois para ela o importante mesmo é usar tudo o que for possível para
desgastar Dilma e o PT. O acidente também serviu à imprensa estrangeira – em especial à
britânica, cuja má vontade para com o Brasil vem sendo alimentada pela Grande
Imprensa brasileira – para voltar a depreciar o governo e o nosso país. A
exemplo da nossa mídia, a estrangeira, igualmente desmoralizada pelo sucesso da
Copa cujo fracasso insistia em alardear, aproveitou a tragédia para atribuí-la
ao suposto "improviso" na realização da competição esportiva. O
acidente, na verdade, não tem nada a ver com a Copa – e muito menos com o
governo federal – mas para os que desejam a qualquer preço impedir a reeleição
da presidenta Dilma não há dúvida de que vão culpá-la pelo acidente, o que,
aliás, não será novidade, pois já a responsabilizaram até pelo linchamento de
uma inocente em São Paulo. Resta saber, agora, se os candidatos oposicionistas vão seguir o
mesmo caminho da Grande Mídia, ligando a tragédia à Copa e à Presidenta da
República. Não parece tarefa fácil, principalmente para o ex-governador Eduardo
Campos, pois o prefeito responsável pela obra pertence ao seu partido, o PSB.
Ninguém se surpreenda, porém, se o candidato tucano Aécio Neves, que sempre
encontra um jeito de criticar o Planalto por qualquer coisa, também aproveite o
acidente para mais uma vez investir contra a Presidenta, já que o fato ocorreu
na capital do seu Estado, Minas Gerais. Vale lembrar, no entanto, que o povo já
não se deixa influenciar tanto por essa falácia sem consistência, o que pode
fazer o tiro sair pela culatra. De qualquer modo, a atitude passional da Grande Imprensa no
noticiário sobre a tragédia vem confirmar, mais uma vez, o seu comportamento
vergonhoso como partido político, o que vem ampliando o seu descrédito junto à
população. O seu noticiário vem sendo encarado, a cada dia, com reservas pelas
pessoas que usam a massa cinzenta para pensar. E nesse ritmo não vai demorar
muito para começar a enfrentar as mesmas dificuldades da revista
"Veja", que vive os seus estertores justamente pelo desrespeito aos
seus leitores, ainda hoje enganados com matérias distorcidas por conta dos seus
interesses políticos e econômicos. Como dizia Confúcio: "Pode-se enganar
parte do povo todo o tempo. Pode-se enganar todo o povo durante algum tempo.
Mas ninguém consegue enganar todo o povo todo o tempo".
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