sexta-feira, 4 de julho de 2014

Ribamar Fonseca: ”Comportamento vergonhoso”

A passionalidade escandalosa da chamada Grande Imprensa, que se transformou num partido político para derrubar a presidenta Dilma Rousseff, chegou às raias do absurdo nesta sexta-feira: usou, de modo desumano, a queda de um viaduto em Belo Horizonte, que matou duas pessoas, para atacar o governo. Os três jornalões do Rio e São Paulo – Globo, Folha e Estadão – combinaram a mesma manchete, com ligeira variação, rotulando o viaduto de "obra da Copa". Depois de desacreditados pela campanha realizada contra o evento esportivo, diante do seu sucesso e da repercussão positiva dentro e fora do país, os jornalões decidiram usar a tragédia para ir à forra. Do governo federal, na verdade, o viaduto em construção só tem parte dos recursos financeiros, porque o projeto e sua execução são da responsabilidade da prefeitura de Belo Horizonte. Mesmo sabendo disso, a Grande Mídia prefere aproveitar politicamente o episódio e lançar a culpa do acidente nas costas largas da Presidenta, esquecendo deliberadamente o prefeito Marcio Lacerda, do PSB, que, em entrevista à imprensa, disse que deve ter havido uma falha na construção. "No futuro – disse – certamente depois de tudo apurado, vai-se descobrir algum erro de engenharia, seja de projeto, seja de construção". A "Folha", no entanto, não satisfeita em torcer a notícia do acidente para ligá-lo à Copa e culpar o governo, também publicou um editorial intitulado "Humor da Copa", em que insiste em afirmar que "a obra faz parte do pacote de melhorias de mobilidade urbana e não ficou pronta no prazo prometido" e "serve para lembrar o quanto houve de irresponsabilidade e improviso, para nada dizer de corrupção, na organização do Mundial". Não disse, porém, que se houve irresponsabilidade e improviso na realização da obra certamente foram do prefeito pessebista, responsável por seu planejamento e execução. Mas esse "detalhe" não interessa à Grande Mídia, pois para ela o importante mesmo é usar tudo o que for possível para desgastar Dilma e o PT. O acidente também serviu à imprensa estrangeira – em especial à britânica, cuja má vontade para com o Brasil vem sendo alimentada pela Grande Imprensa brasileira – para voltar a depreciar o governo e o nosso país. A exemplo da nossa mídia, a estrangeira, igualmente desmoralizada pelo sucesso da Copa cujo fracasso insistia em alardear, aproveitou a tragédia para atribuí-la ao suposto "improviso" na realização da competição esportiva. O acidente, na verdade, não tem nada a ver com a Copa – e muito menos com o governo federal – mas para os que desejam a qualquer preço impedir a reeleição da presidenta Dilma não há dúvida de que vão culpá-la pelo acidente, o que, aliás, não será novidade, pois já a responsabilizaram até pelo linchamento de uma inocente em São Paulo. Resta saber, agora, se os candidatos oposicionistas vão seguir o mesmo caminho da Grande Mídia, ligando a tragédia à Copa e à Presidenta da República. Não parece tarefa fácil, principalmente para o ex-governador Eduardo Campos, pois o prefeito responsável pela obra pertence ao seu partido, o PSB. Ninguém se surpreenda, porém, se o candidato tucano Aécio Neves, que sempre encontra um jeito de criticar o Planalto por qualquer coisa, também aproveite o acidente para mais uma vez investir contra a Presidenta, já que o fato ocorreu na capital do seu Estado, Minas Gerais. Vale lembrar, no entanto, que o povo já não se deixa influenciar tanto por essa falácia sem consistência, o que pode fazer o tiro sair pela culatra. De qualquer modo, a atitude passional da Grande Imprensa no noticiário sobre a tragédia vem confirmar, mais uma vez, o seu comportamento vergonhoso como partido político, o que vem ampliando o seu descrédito junto à população. O seu noticiário vem sendo encarado, a cada dia, com reservas pelas pessoas que usam a massa cinzenta para pensar. E nesse ritmo não vai demorar muito para começar a enfrentar as mesmas dificuldades da revista "Veja", que vive os seus estertores justamente pelo desrespeito aos seus leitores, ainda hoje enganados com matérias distorcidas por conta dos seus interesses políticos e econômicos. Como dizia Confúcio: "Pode-se enganar parte do povo todo o tempo. Pode-se enganar todo o povo durante algum tempo. Mas ninguém consegue enganar todo o povo todo o tempo".

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