terça-feira, 29 de julho de 2014

Olé de Dilma no Santander reanima militância do PT


Dos quadros mais graúdos à militância de base, o PT se agitou inteiro em torno da tempestade perfeita a que vai sendo submetido o banco Santander. A partir de uma orientação de investimentos dirigida, na sexta-feira 25, a clientes de alta renda, associando uma piora nas condições da economia ao crescimento da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas de opinião, a instituição espanhola não tem parado de sofrer. Enquanto isso, o PT experimenta uma saudável movimentação, capaz de tirar a ferrugem de suas engrenagens de características oposicionistas. Numa expressão, o PT se revoltou contra a atitude do Santander. Um movimento pelo fechamento de contas correntes na instituição vai ganhando corpo entre os militantes do partido e seus simpatizantes. A CUT, no mesmo dia em que manifestou apoio formal à reeleição de Dilma, também destacou, pelo presidente nacional Vagner Freitas, sua concordância com a crítica ao relatório de investimentos. Citando nominalmente o banqueiro Botín, o ex-presidente também usou um palanque montado pela central sindical para, com sua linguagem típica, dizer ao "querido Botín" que o analista financeiro que, em seguida, teve sua demissão anunciada pelo banco, "não entende porra nenhuma de Brasil e de Dilma". Na Prefeitura de Osasco, o titular Jorge Lapas teve uma reação rápida ao que considerou ser uma "tomada de posição partidária" do banco espanhol. Após receber seguidas reclamações de mau atendimento do Santander no recebimento de contas do município, Lapas cancelou um convênio mantido entre a Prefeitura e o banco. Todas essas ações, mais uma intensa troca de informações nas redes sociais, contribuíram para dar novo fôlego à militância num momento decisivo da campanha eleitoral: o começo. Dirigentes do PT entendem que a polêmica com o banco ajudou a despertar a velha garra e poder de pressão da legenda, recolhida diante do crescimento dos ataques da oposição ao governo. Para esses líderes petistas, o caso não poderia ter acontecido em melhor hora, exatamente quando a luta começa a ficar mais renhida e decisiva. Quem se apressou em defender o relatório do Santander como um marco da liberdade de expressão, a exemplo de colunistas do circuito Globo-Abril Merval Pereira, Reinaldo Azevedo e Rodrigo Constantino, se deu mal. Pela fala de seu próprio presidente mundial, o Santander admitiu que não é correto, do ponto de vista da orientação financeira, um analista cravar com tanta ênfase, como aconteceu, que a reeleição da presidente significaria, necessariamente, a entrada do Brasil numa crise econômica. Este tipo de previsão de futuro pós-eleitoral é simplesmente um palpite que não deveria ser repassado num canal de comunicação com a clientela. "A pessoa responsável foi demitida porque fez a coisa errada", disse um irritado Botín, no Rio de Janeiro. PRIVATIZAÇÃO MAL DIGERIDA - Em meio a todo o burburinho provocado pelo relatório, a presença de Botín no Brasil apenas aumentou a dimensão de repercussão da gafe. Ele veio para abrir o 3º Encontro Internacional de Reitores, sob patrocínio de seu banco, mas precisou explicar muito mais a análise estabanada do que falar sobre o evento. Além disso, Botín amargou a ausência, em protesto, de Dilma e do vice-presidente Michel Temer para o ato. O problema, para o Santander, é que a tempestade, porque é perfeita, ainda não acabou. Na quinta-feira 31, os líderes do banco no Brasil apresentarão ao mercado os resultados do primeiro semestre – e novamente sobre eles recairão perguntas e mais perguntas sobre o episódio que irritou Dilma. Além disso, internamente os executivos do banco já começam a contabilizar os efeitos do movimento de militantes do PT pelo fechamento de contas correntes. Desde a privatização do Banespa, no ano 2000, durante o governo Fernando Henrique, o partido não tem boas lembranças da instituição. O Santander fez uma série de demissões entre os bancários e despertou, assim, também a oposição dos sindicalistas ligados ao partidos. Eles estão aproveitando o momento para causar o maior dano possível ao banco que entrou para a categoria dos adversários do governo.


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