Aos
gritos de olê, olê, olá, Dilma foi recebida por militante do PT em São Paulo.
Seu primeiro agradecimento foi ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em
seguida, ao vice Michel Temer e a sua esposa Marcela. Depois, vieram os
presidentes dos partidos que a apoiam, começando por Rui Falcão, do PT.
Eis trechos de sua fala: "Chegamos ao final de uma disputa
que mobilizou todas as forças dessa Nação. Tenho palavras de agradecimento e
conclamação. Agradeço a meu vice e aos partidos que sustentaram nossa aliança.
Agradeço a cada um e a cada uma dos integrantes dessa militância combativa, que
foi a alma e a força dessa vitória. E agradeço a todos os brasileiros e
brasileiras.
Agradeço, do fundo do mundo do meu
coração, ao militante número 1 das causas do povo brasileiro: o presidente
Lula. Conclamo a todos os brasileiros e brasileiras a nos unirmos. Não acredito
que essas eleições tenham dividido o Brasil ao meio. Entendo que elas
mobilizaram emoções contraditórias, mas movidas por um sentimento comum: a busca
de um futuro melhor.
Em lugar de ampliar divergências, creio
que é hora de construção de pontes. O calor liberado no fragor da disputa pode
ser transformado em energia construtiva de um novo momento no Brasil. Em alguns
momentos da história, resultados apertados produziram mudanças mais rápidas e
mais amplas. Essa é minha esperança. Aliás, é minha certeza. Esta presidenta
aqui está disposta ao diálogo e este é meu primeiro compromisso neste segundo
mandato. Toda eleição é uma forma de mudança. Principalmente para nós, que
vivemos numa das maiores democracias do mundo.
Quero ser uma presidenta muito melhor
do que fui até agora. Quero ser uma pessoa ainda melhor do que tenho me
esforçado por ser. A palavra mais dita foi mudança. O tema mais amplamente
invocado foi reforma. Estou sendo reconduzida à presidência para realizar as
grandes mudanças que a sociedade brasileira exige. Estou pronta a responder a
essa convocação. Sei do poder que cada presidente tem de liderar as grandes
causas populares. E eu o farei."
Em
seguida, Dilma defendeu o plebiscito pela reforma política. "Quero
discutir esse tema profundamente com o novo Congresso Nacional e com toda a
sociedade brasileira".
Com
as urnas apuradas, a presidente Dilma Rousseff teve 51,6% e Aécio Neves 48,4%.
Ela venceu no Norte, no Nordeste, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e perdeu
em São Paulo.
O
resultado é muito semelhante ao da pesquisa Datafolha, que apontou vitória de
Dilma por 52% a 48%.
Com
a vitória, o Partido dos Trabalhadores, que foi criado em 1980, terá um ciclo
de 16 anos no poder.
Abaixo, reportagem da Agência Brasil:
Luana Lourenço e Sabrina Craide – Repórteres da
Agência Brasil
Com 97,62% das
urnas apuradas, a atual presidenta da República, Dilma Rousseff (PT), tem
51,38% dos votos válidos e está matematicamente reeleita para o cargo. O
candidato Aécio Neves (PSDB) tem 48,62% dos votos válidos até o momento.
Mineira de Belo
Horizonte, Dilma Rousseff, tem 66 anos, é economista formada pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tem uma filha e um neto. Foi reeleita
hoje (26), junto com o vice-presidente Michel Temer (PMDB), com o apoio da
coligação formada por PT, PMDB, PDT, PCdoB, PR, PP, PRB, PROS e PSD. No
primeiro turno, Dilma ficou em primeiro lugar, com 43.267.668 votos (41,59% dos
votos válidos).
Filha de um
imigrante búlgaro e de uma professora do interior do Rio de Janeiro, Dilma
viveu em Belo Horizonte, capital mineira, até 1970, onde integrou organizações
de esquerda, como o Comando de Libertação Nacional (Colina) e a Vanguarda
Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Foi presa em 1970 pela ditadura
militar e passou quase três anos no Presídio Tiradentes, na capital paulista,
onde foi torturada.
Em 1973, mudou-se
para Porto Alegre, onde construiu sua carreira política. Na capital gaúcha,
Dilma dedicou-se à campanha pela anistia, no fim do regime militar, e ajudou a
fundar o PDT no estado. Em 1986, assumiu seu primeiro cargo político, o comando
da Secretaria da Fazenda de Porto Alegre, convidada pelo então prefeito Alceu
Collares.
Com a
redemocratização, Dilma participou da campanha de Leonel Brizola à Presidência
da República em 1989. No segundo turno, apoiou o então candidato Luiz Inácio
Lula da Silva (PT). Em 1993, Dilma assumiu a Secretaria de Energia, Minas e
Comunicação do Rio Grande do Sul, cargo que ocupou nos governos de Alceu
Collares (PDT) e Olívio Dutra (PT).
Em 2000, Dilma
filiou-se ao PT e, em 2002, foi convidada a compor a equipe de transição entre
os governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Quando Lula
assumiu, em janeiro de 2003, Dilma foi nomeada ministra de Minas e Energia,
onde comandou a reformulação do marco regulatório do setor. Em 2005, ainda no
primeiro governo Lula, Dilma assumiu a chefia da Casa Civil, responsável até
então por projetos como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha
Casa, Minha Vida.
Dilma deixou a Casa
Civil em abril de 2010 e, em junho do mesmo ano, teve sua candidatura à
Presidência da República oficializada. Venceu sua primeira eleição no segundo
turno, contra o candidato do PSDB, José Serra, com mais de 56 milhões de votos.
Em um governo de
continuidade, Dilma manteve e ampliou programas sociais da gestão Lula e
implantou iniciativas que levaram à redução da pobreza, da fome e da
desigualdade. Criou o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
(Pronatec) e ampliou programas de empreendedorismo. Também implantou um
programa de concessões para obras de infraestrutura e logística, muitas ligadas
à realização da Copa do Mundo. Em um governo marcado por episódios de
corrupção, Dilma chegou a demitir seis ministros em dez meses, em 2011. A
presidenta reeleita também enfrentou problemas com a economia, com queda no
ritmo do crescimento do país e avanço da inflação.
Leia, ainda,
reportagem da Reuters:
SÃO
PAULO (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff (PT) foi reeleita neste
domingo em uma disputa marcada por reviravoltas e que teve o resultado mais
apertado desde a redemocratização, indicando os desafios que ela terá para unir
um Brasil que se mostrou dividido nas urnas.
A vitória de Dilma,
primeira mulher na Presidência da República, veio principalmente com votos
obtidos no Norte e Nordeste, regiões mais pobres do país e onde programas
sociais como o Bolsa Família têm ajudado a melhorar a vida de dezenas de
milhões de pessoas.
A petista, que
garantiu ao seu partido o quarto mandato consecutivo no governo central, terá
grandes desafios pela frente, como retomar o crescimento econômico, controlar
mais efetivamente a inflação e reconquistar a confiança de empresários e
investidores.
Seu governo
precisará também dar respostas à sociedade sobre a suposta corrupção na
Petrobras e que teria o envolvimento de partidos e políticos da base aliada do
governo, que veio à tona durante a campanha e virou tema de embate, porém sem
força para mudar de forma significativa o voto de eleitores.
Após 98 por cento
da apuração, Dilma tinha 51,45 por cento dos votos válidos, contra 48,55 por
cento de Aécio, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Restando 1,87 por cento dos votos a serem apurados, é impossível
matematicamente para o tucano alcançar a petista.
Dilma tinha 53,3
milhões de votos e Aécio aparecia com 50,3 milhões. Ainda faltavam 2,7 milhões
de votos a serem apurados.
A última parcial do
TSE apontava para um resultado final agora mais estreito em termos percentuais
do que foi a vitória de Fernando Collor de Mello (PRN) contra o petista Luiz
Inácio Lula da Silva em 1989, quando o primeiro foi eleito com 53,03 por cento
dos votos válidos.
A eleição deste ano
foi marcada pela imprevisibilidade, com Dilma tendo visto sua chance de
reeleição ameaçada por dois candidatos diferentes ao longo da campanha,
primeiro por Marina Silva (PSB), terceira colocada na votação de 5 de outubro,
e depois por Aécio.
A trágica morte do
presidenciável Eduardo Campos (PSB) em um acidente aéreo em 13 de agosto alçou
sua vice na chapa ao topo da corrida presidencial. Marina chegou a abrir 10
pontos de vantagem sobre Dilma em simulação de segundo turno. A ex-senadora e
ambientalista, contudo, viu aos poucos suas intenções de voto cederem, em meio
aos ataques de seus adversários.
Aécio teve uma
votação no primeiro turno bastante acima do que apontavam as pesquisas e
apareceu numericamente à frente de Dilma nos primeiros levantamentos do segundo
turno, em empate dentro da margem de erro. Mas logo a presidente voltou a
aparecer na frente, o que persistiu até a véspera da votação deste domingo.
Além de viradas
dramáticas, a disputa deste ano ficará marcada pelos incansáveis ataques entre
os principais candidatos e pela crescente radicalização na polarização PT x
PSDB, que domina a corrida presidencial há 20 anos.
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