A conselheira tutelar Marli Ferreira Martins e seu marido Fernando
Ferreira de Souza estão processando o Hospital São Lucas, de Patos de Minas,
pela morte da filha recém nascida, Maria Fernanda, ocorrida no último dia 8 de
março. O casal, que mora em Guarda-Mor, denuncia negligência do obstetra
responsável pelo parto, Dr. Luiz Carlos de Souza, e acusa o hospital de
irresponsabilidade no atendimento a gestante.
O fato aconteceu no
dia 18 de janeiro quando Marli sentiu-se mal por volta das 7 horas da manhã e
procurou o Hospital Municipal de Guarda-Mor, recebendo atendimento do médico
Jonathan Fusco. Ao analisar a situação da gestante, o médico constatou a necessidade
de uma cesariana e a encaminhou para o Hospital São Lucas com agendamento de
internação pelo SUS. Dr. Jonathan inclusive acompanhou a paciente na ambulância
que a transportou para Patos de Minas.
Marli chegou ao
Hospital São Lucas as 11h30m, sendo atendida e levada para um quarto, onde
recebeu os cuidados de enfermeiras. Dr. Luiz Carlos, que deveria estar de
plantão, só chegou ao hospital por volta das 15 horas, quando recomendou
aplicação de soro e medicamento na paciente e foi embora. “A minha bolsa já
havia rompido e, com o efeito do medicamento, eu comecei a sentir dores e
contrações”, conta Marli.
Dr. Luiz Carlos
somente retornou ao hospital às 18 horas, quando fez o exame de toque na
gestante e constatou que o bebê estava sentado, mas disse que faria o parto
normal. “Ele falou que iria telefonar para o anestesista e eu pedi a ele para
falar com o meu marido que estava na portaria do hospital, porque a gente
poderia pagar pela cesariana”, diz a paciente. Marli afirma que o médico
ignorou o seu pedido e ainda a perguntou, com arrogância, se ela tinha mesmo 6
mil reais para pagar a cesárea.
A paciente foi levada para a sala de parto
somente às 8 horas da noite, quando teve início um procedimento complexo e
doloroso que colocou em risco a vida da mãe e causou fratura de crânio na
criança. Após o nascimento, o bebê foi levado às pressas para a UTI Neonatal,
onde ficou um mês e oito dias em estado vegetativo, antes de falecer. “O médico
fez um parto forçado que provocou a morte da minha filha”, desabafa Marli.
Quem conta a pior
parte desta história é o marido de Marli, que ficou todo o tempo na recepção do
Hospital São Lucas sem saber do drama vivido pela mulher. “Todas as vezes que
eu pedia informações a recepcionista ela dizia que estava tudo bem. Não me
informaram nem que o médico não estava no hospital na hora em que minha esposa
foi internada”, revela Fernando. A maior revolta dele foi saber,
posteriormente, que o hospital não tinha anestesista de plantão naquele dia,
fato que teria levado Dr. Luiz Carlos a insistir na realização do parto normal,
quando o indicado era a cesariana.
Por telefone, o
próprio anestesista do hospital Dr. José Maria de Matos afirmou para Fernando
que não estava de plantão e se encontrava em uma festa de reis na localidade de
Capelinha do Chumbo. “Se eu fosse avisado antes que não havia anestesista de
plantão, teria tirado minha mulher de lá e levado para outro hospital, porque
eu tinha como pagar seis mil reais por uma cesárea”, reclamou Fernando, que
trabalha como gerente de produção agrícola.
Ao ser avisado que o
Hospital São Lucas seria processado, o seu diretor, Dr. Sérgio Piau Vieira,
esquivou-se da responsabilidade da instituição, mas admitiu a negligência do
médico e do anestesista. Ele afirmou que Dr. José Maria estava realmente
escalado para o plantão, mas não compareceu ao trabalho, fato que Dr. Luiz
Carlos deveria ter informado a direção do hospital para que fossem tomadas as
medidas cabíveis. “As justificavas deles não me importam. Nossa filha morreu e
eles merecem ser punidos para que este tipo de coisa não aconteça também com
outras famílias”, concluiu Fernando.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça o seu comentário