domingo, 26 de abril de 2015

Parto Forçado: Casal de Guarda-Mor processa Hospital São Lucas por morte de filha

A conselheira tutelar Marli Ferreira Martins e seu marido Fernando Ferreira de Souza estão processando o Hospital São Lucas, de Patos de Minas, pela morte da filha recém nascida, Maria Fernanda, ocorrida no último dia 8 de março. O casal, que mora em Guarda-Mor, denuncia negligência do obstetra responsável pelo parto, Dr. Luiz Carlos de Souza, e acusa o hospital de irresponsabilidade no atendimento a gestante.
         O fato aconteceu no dia 18 de janeiro quando Marli sentiu-se mal por volta das 7 horas da manhã e procurou o Hospital Municipal de Guarda-Mor, recebendo atendimento do médico Jonathan Fusco. Ao analisar a situação da gestante, o médico constatou a necessidade de uma cesariana e a encaminhou para o Hospital São Lucas com agendamento de internação pelo SUS. Dr. Jonathan inclusive acompanhou a paciente na ambulância que a transportou para Patos de Minas.
         Marli chegou ao Hospital São Lucas as 11h30m, sendo atendida e levada para um quarto, onde recebeu os cuidados de enfermeiras. Dr. Luiz Carlos, que deveria estar de plantão, só chegou ao hospital por volta das 15 horas, quando recomendou aplicação de soro e medicamento na paciente e foi embora. “A minha bolsa já havia rompido e, com o efeito do medicamento, eu comecei a sentir dores e contrações”, conta Marli.
         Dr. Luiz Carlos somente retornou ao hospital às 18 horas, quando fez o exame de toque na gestante e constatou que o bebê estava sentado, mas disse que faria o parto normal. “Ele falou que iria telefonar para o anestesista e eu pedi a ele para falar com o meu marido que estava na portaria do hospital, porque a gente poderia pagar pela cesariana”, diz a paciente. Marli afirma que o médico ignorou o seu pedido e ainda a perguntou, com arrogância, se ela tinha mesmo 6 mil reais para pagar a cesárea.
          A paciente foi levada para a sala de parto somente às 8 horas da noite, quando teve início um procedimento complexo e doloroso que colocou em risco a vida da mãe e causou fratura de crânio na criança. Após o nascimento, o bebê foi levado às pressas para a UTI Neonatal, onde ficou um mês e oito dias em estado vegetativo, antes de falecer. “O médico fez um parto forçado que provocou a morte da minha filha”, desabafa Marli.
         Quem conta a pior parte desta história é o marido de Marli, que ficou todo o tempo na recepção do Hospital São Lucas sem saber do drama vivido pela mulher. “Todas as vezes que eu pedia informações a recepcionista ela dizia que estava tudo bem. Não me informaram nem que o médico não estava no hospital na hora em que minha esposa foi internada”, revela Fernando. A maior revolta dele foi saber, posteriormente, que o hospital não tinha anestesista de plantão naquele dia, fato que teria levado Dr. Luiz Carlos a insistir na realização do parto normal, quando o indicado era a cesariana.
         Por telefone, o próprio anestesista do hospital Dr. José Maria de Matos afirmou para Fernando que não estava de plantão e se encontrava em uma festa de reis na localidade de Capelinha do Chumbo. “Se eu fosse avisado antes que não havia anestesista de plantão, teria tirado minha mulher de lá e levado para outro hospital, porque eu tinha como pagar seis mil reais por uma cesárea”, reclamou Fernando, que trabalha como gerente de produção agrícola.

         Ao ser avisado que o Hospital São Lucas seria processado, o seu diretor, Dr. Sérgio Piau Vieira, esquivou-se da responsabilidade da instituição, mas admitiu a negligência do médico e do anestesista. Ele afirmou que Dr. José Maria estava realmente escalado para o plantão, mas não compareceu ao trabalho, fato que Dr. Luiz Carlos deveria ter informado a direção do hospital para que fossem tomadas as medidas cabíveis. “As justificavas deles não me importam. Nossa filha morreu e eles merecem ser punidos para que este tipo de coisa não aconteça também com outras famílias”, concluiu Fernando. 

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