Na década de 1990,
nosso saudoso amigo Amarildo do Mariano protagonizou uma cena cômica de pavor
na saúde em Vazante. No antigo posto de saúde próximo à Credivaz, onde, hoje,
funciona o PSF Central, estava acontecendo uma vacinação em massa que eu já não
me lembro contra qual doença. Sei que havia gente de todas as idades,
inclusive, um grande número de crianças.
A vacina ainda era aplicada com
aquele instrumento pavoroso, parecido com um revolver de pressão, que provocava
uma dor incômoda no braço das pessoas. Claro que a criançada estava
aterrorizada com a forma de procedimento da vacina, mas os pais usavam de toda
psicologia infantil para tentar acalmá-las.
A fila de vacinação transcorria
normalmente até que chegou a vez do Amarildo ser vacinado. Fazendo cara de
machão, com seu matreiro senso de humor, ele arregaçou a manga da camisa, já
pensando em atemorizar ainda mais a molecada. Quando a enfermeira disparou o
gatilho do aparelho de vacina, Amarildo levou a mão ao braço, curvou o corpo,
soltou um longo e exagerado “aaaiiii!” e gritou bem alto: “O trem dói dimais,
sô!!!”.
Ao verem aquele marmanjão
aparentando tanto sofrimento de dor, as crianças que ainda não tinham sido
vacinadas esbugalharam os olhos e fugiram apavoradas em uma louca debandada do
posto de saúde sem que os pais tivessem pernas para alcançá-las.
Conheço algumas
daquelas crianças que mesmo depois de adultas continuam com trauma de vacina
por causa da peraltice do Amarildo.
Estou lembrando este fato para
alertar que Vazante passa atualmente por um caso bem mais grave de pavor na
saúde, setor que obrigatoriamente deveria funcionar bem numa cidade
ironicamente governada por um médico.
Ao invés disso, aumentam a cada dia
as reclamações pela péssima qualidade do atendimento nas unidades de saúde e
também no Hospital Municipal, onde estariam faltando coisas básicas como
produtos de limpeza, materiais de uso clínico e para assepsia.
Os procedimentos cirúrgicos foram
reduzidos por falta de anestesista. A Policlínica Municipal não dispõe de profissionais
para atender especialidades médicas que, antes, eram disponibilizadas para a
população, incluindo exames de mamografia.
Com raros doutores que despertam a
confiança dos pacientes, o quadro de médicos da prefeitura é insuficiente para
a demanda de atendimento no município.
Nos últimos meses se tornaram comuns
as reclamações pela falta de medicamentos na Farmácia Municipal. Dizem que anda
faltando até luvas descartáveis para os dentistas nos consultórios
odontológicos mantidos pela prefeitura.
Há também comentários de que a
Administração Municipal não teria se interessado pelo agendamento de cirurgias
gratuitas de cataratas oferecidas pelo CISALP (Consórcio Intermunicipal de
Saúde do Alto Paranaíba), numa clínica oftalmológica de Lagoa Formosa.
Diante da longa lista de queixas que
ouvimos diariamente dos usuários, podemos chegar a uma triste conclusão sobre o
fantasma da saúde no desgoverno do prefeito Dr. Zé, um médico que já receitou
muito “Boldo e Patos de Minas” quando atendia em João Pinheiro.
Diferente das crianças que fugiram
da vacinação, assombradas pela encenação do Amarildo, a população menos
favorecida de Vazante infelizmente não tem para onde correr quando precisa de
um bom atendimento na saúde, principalmente em casos de risco de morte.
PS: Com essa
recordação do inesquecível amigo Amarildo, expresso meus sentimentos de
profundo pesar pelo recente falecimento do seu irmão e também nosso amigo
Neguinho do Mariano, solidarizando-me com seus familiares na irremediável
consternação pela sua ausência em nossas vidas. Que Deus lhe reserve um bom
lugar e conforte a sua família.
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