Num cenário de ódio ao
PT e intensa polarização política, especialmente em São Paulo, uma parceria
inédita mostrou nesta segunda-feira 23 que relações republicanas ainda são
possíveis entre PT e PSDB, apesar da troca de acusações diárias, cada vez mais
intensas, protagonizadas por petistas e tucanos.
O
prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) assinaram
hoje a primeira PPP social do País, um contrato de parceria público-privada
para a construção de 3.683 moradias na Barra Funda, região central da capital
paulista. O evento aconteceu no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo
estadual.
"Nós
vamos repovoar o centro, que já tem tudo. Tem emprego, transporte público,
saúde e educação. O que precisamos é de gente lá, e essa é a maneira mais
inteligente de levar", declarou Fernando Haddad.
"O
centro de São Paulo tem sido alvo de empreendimentos imobiliários. Mas nós
temos que mixar o centro, abrir para todas as camadas sociais. O mesmo centro
que abriga apartamentos de alto padrão vai abrigar pessoas de baixa
renda", acrescentou o petista, que lembrou que o projeto tem o apoio da
prefeitura desde o início de seu mandato.
Ele
rebateu as críticas sobre a demora de quase dois anos desde o anúncio da
parceria entre os dois governos. Segundo ele, a PPP não seria possível sem duas
leis municipais: a aprovação do novo Plano Diretor e a criação de legislação
própria para subsidiar moradia popular, nos moldes do que já fazem os governos
federal e estadual.
Segundo
Alckmin, trata-se de "uma PPP extremamente inovadora, porque estaremos
aproximando as famílias, os trabalhadores e as trabalhadoras do emprego. Isso
ajuda, também, a mobilidade urbana".
Na
parceria, o governo estadual é responsável por 100% das áreas destinadas à
habitação de interesse social. À prefeitura cabe a aplicação de recursos e
oferta de terrenos, e a empresa vencedora é responsável pelas habitações de
mercado popular.
Foi
realizada uma concorrência internacional e a empresa Canopus Holding S.A.
venceu a disputa do Lote 1 (na Barra Funda), tornando-se responsável pela
produção de 3.683 moradias. Neste lote, está previsto investimento privado de
R$ 900 milhões, aporte de R$ 80 milhões (que inclui os terrenos) da Prefeitura
e R$ 465 milhões do Estado.
O
contrato assinado hoje prevê a construção de 2.260 moradias destinadas a
Habitação de Interesse Social, HIS (para famílias com renda de um piso salarial
do Estado de São Paulo e até seis salários mínimos) e 1.423 Habitações de
Mercado Popular, HMP (para famílias com renda entre seis e dez pisos
salariais).
Oitenta
por cento das moradias serão destinadas a famílias que trabalham no centro e
moram nas regiões periféricas. Os restantes 20%, para famílias que moram e
trabalham no centro. Parte das unidades será de entidades sem fins lucrativos,
habilitadas pela CDHU. Alckmin lembrou em seu discurso que 17% dos empregos da
cidade estão concentrados na subprefeitura da Sé, região que abriga 3% dos
moradores de toda a capital paulista.
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