Ele
não defende nenhum réu da Operação Lava Jato, mas foi o único a condenar
publicamente, há alguns anos, o acordo de delação premiada que leva alguém
suspeito sob o olhar do Estado, segundo ele sem credibilidade, a envolver
outras pessoas no mesmo caso. Para o advogado criminalista Elias Mattar Assad,
"ninguém pode ser réu e testemunha ao mesmo tempo". Ele admitiu, em entrevista ao 247, a prática de se mostrar uma
lista com nomes de pessoas para que sejam delatadas por réus que firmaram
acordo de delação premiada. "Essa listagem que passam com os nomes é
imoral e tira a naturalidade da própria delação, porque não é mais uma delação
espontânea. Uma confissão não espontânea é comparada à tortura. É um negócio,
uma espécie de leilão, você leiloa sua palavra".
Especificamente sobre a Lava Jato, ele afirmou acreditar na
"boa intenção" do juiz Sergio Moro e disse considerar a investigação
"um marco histórico no direito brasileiro". "Não vou tirar os
méritos [da investigação] de maneira alguma, mas poderíamos atingir resultados
idênticos sem determinados excessos", avaliou. Ele acredita que já
vínhamos nesse caminho desde a Ação Penal 470, o chamado 'mensalão', "mas
hoje, na prática, estamos partindo para uma era de 'verdade absoluta'". "O perigo disso é que nós estamos inaugurando uma nova fase
no processo penal brasileiro onde o Ministério Público acusa formalmente, o
juiz acusa e agora o réu se autoacusa e acusa terceiros. Conclusão: estamos
inaugurando uma era do processo penal onde só tem acusação. Inclusive do réu.
Estamos no processo penal do terror". O criminalista questiona, por
exemplo, "em nome de que princípio que aquela pessoa deixou de ser
'bandido', 'criminoso', e passou a ser um auxiliar do Ministério Público?"
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